sábado, 27 de novembro de 2010

A Outra Opção é a Continuidade do Caos

A mídia já iniciou o discurso massivo de encontrar uma solução pacífica para a situação do cerco para a tomada do Complexo do Alemão. Entre vários discursos que partem de representantes da sociedade, como: Carlos Minc, Wadih Damous – Presidente da OAB RJ e Antônio C. Costa - presidente do Rio de Paz que declarou: “A mínima possibilidade de vitória sem derramamento de sangue impõe o dever imperioso de darmos chance à solução pacífica. Pode parecer romântico, mas antes de tudo trata-se de uma demanda da razão e do amor”.

A população precisa atentar para o que realmente está ocorrendo. “A Polícia Civil encontrou na tarde de sábado (27/11) 132 bananas de dinamite na Vila Cruzeiro, em Olaria. Há informações de que o material poderia ser usado em ataques”, isso é terrorismo covarde. Ainda está sendo investigado onde se encontra o restante da carga do caminhão de dinamite que foi roubada no último dia 10, com cerca de 600 quilos de dinamite, que seriam usados em atentados contra a população, monumentos e autoridades do Rio.

A conscientização que estamos em um estado de guerra é necessária. Aqueles que utilizaram o poder de persuasão da mídia como instrumento de manipulação da opinião pública, na campanha do plebiscito do desarmamento, eleições presidenciais e tantos outros eventos, agora se posicionam, sutilmente como sempre, defendendo interesses obscuros.

O apoio da população às operações que estão sendo realizadas deixa evidente que já passou da hora de um basta definitivo.

Em uma guerra como essa, a menor demonstração de fraqueza diminui significativamente o poder de ação daqueles que lutam, empenhando suas vidas, pela vitória do estado de direito da população do estado do Rio de Janeiro. A possibilidade de ocorrerem inúmeras baixas de todas as partes envolvidas, centenas ou até milhares, deixou todos apreensivos. Os traficantes sempre irão, sem nenhuma piedade ou misericórdia, atirar propositalmente na população que ainda se encontra cativa, pelas mais diversas circunstâncias, em seus lares dentro dos locais das batalhas. Esta atitude mesquinha, com o auxílio da mídia, sempre será utilizada como instrumento de formação (manipulação!) dos conceitos da população. Caso a opinião pública seja contra esse tipo de ação irá fazer com que as instituições do estado brasileiro percam a guerra, mesmo que tenham ganhado a batalha da conquista do Complexo do Alemão.

Existem outros bunkers a serem conquistados, tais como: Dendê, Jacarezinho, Maré, Caju, etc.

Até quando seremos reféns da marginalidade, da policia desmoralizada, de políticos corruptos e da mídia conivente.

Acautelai-vos, pois somos as vítimas mais frágeis e a nossa única armas são a opinião e a determinação por uma solução definitiva para esta situação de calamidade pública.

Ainda corremos o risco de termos boicotes significativos nos Jogos Olimpícos e Copa do Mundo, por pura conivência com o caos urbano. Basta de vergonha, precisamos resgatar o nosso verdadeiro orgulho de sermos brasileiros !!!



terça-feira, 2 de novembro de 2010

A Luta Apenas Começou ...

"A luta apenas começou". Foi com essa frase que o representante neoliberal, que disputou o segundo turno das eleições de nosso país, conclamou seus partidários para citarem juntos, em tom sombrio, a última parte de nosso hino nacional. Achei estranho, mas registrei o fato, para posteriormente discernir melhor a mensagem, subliminar para muitos, que foi passada por este ato.

No domingo, durante a apuração dos votos, acompanhamos as declarações daqueles que a todo o tempo falavam de liberdade de imprensa, mas buscava de forma grotesca manipular o juízo público para seus interesses escusos. Observamos os comentários persistentes de Merval Pereira, destacando a importância do percentual de votos obtidos pelo candidato da oposição. Eles nada puderam fazer contra os 83% de aceitação popular do governo Lula, mas agora vislumbram uma oportunidade. Realmente, vencemos uma batalha, mas a luta continua companheiros e companheiras.

Durante todo o primeiro turno e também no segundo, recebi mais de uma centena de e-mails, de todas as origens, com os mais escabrosos conteúdos. Esse pequeno detalhe me remeteu a minha infância, quando presenciei a invasão de uma casa, um aparelho, e testemunhei a prisão de um grupo de pessoas. Ao indagar o que estava se passando obtive como resposta de um adulto, que estava do meu lado, que eles eram comunistas e que sequestravam criancinhas para fazer maldades. Isso ficou em minha mente e me fez ter medo de comunistas por um longo período, mesmo com todas as explicações que recebi de meus familiares. Quando discerni a realidade, comecei a observar a influência nociva da manipulação de ideias e conceitos que nos são impostos a todos os momentos.

Quantos comentários e mensagens grosseiras estão sendo vinculadas nas comunidades de mídias sociais, as quais ainda faço parte. Quanto rancor! Fruto de ideias plantadas, que alienam boas pessoas da realidade. Ontem pude testemunhar no Twitter o ódio contra os votos dos nordestinos, por parte dos “sulistas”. Pelo simples fato de terem sido maioria de votos na eleição de nossa futura representante. Isso descambou em uma luta de palavras entre classes sociais. Que coisa horrível. Somos uma nação democrática.

Que sociedade é essa que está sendo construída. Ou seria destruída? Mas isso tem como principal estímulo certos setores da mídia. Aonde querem nos levar? "Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta, formará um público tão vil como ela mesma." - Joseph Pullitzer

A nossa miscigenação única permite estarmos mais uma vez na vanguarda da civilização. Assistimos países se corroendo como nação, em conflitos internos, devido as suas diversidades étnicas. Temos o essencial, nossa mistura é pacífica - ainda injusta, mas coesa. É fato notório o mal que faz ao Brasil esta polarização amesquinhada, entre índios, brancos e negros. Isso não existe, somos um povo e constituímos uma nação única. Alguns políticos e demais aproveitadores, que se dizem líderes e representantes de suas raças e classes sociais, buscam a conveniente polarização em uma disputa desenfreada pelo mero mando e privilégios propiciado pelo poder. A força e a soberania se iniciam na união, principalmente naquela que propicia igualdade justa de direitos e deveres para todos, sem distinção. São esses os ideais que devemos diligentemente preservar e eleger.

Hoje, ao ler os jornais, observei uma “simples” notícia publicada no site do jornal Globo online, que dizia: “Decepção com Dilma será inevitável, diz 'The Guardian'. Para 'Financial Times', Brasil sem Lula pode ficar mais turbulento...”. Por outro lado, nunca vi tantos programas sobre a vida de Hitler, seria mera coincidência? Como esses 83% ainda incomada! O que é isso companheiro? Sai para lá uruca do inferno! E observem que “a luta apenas começou”.

A instabilidade política, econômica e social é puro interesse de grupos internacionais que vislumbram o importante papel do Brasil, no mundo, como nação rica, independente, soberana e firmada em direitos sociais de igualdade. Devemos continuar dando o exemplo de liderança mundial que nos cabe, através da democracia, nas urnas, no combate diário contra a tirania, na politização de nosso povo através da informação e inclusão social.

Por muito menos petróleo e riquezas que as nossas invadiram o Iraque, imaginem o que não farão com nossa nação e nosso povo, por pura ganância e tantos outros interesses.

Vamos à luta, compatriotas! Lutar pacificamente pela educação, pela igualdade, contra a corrupção em todos os sentidos, pelos direitos e deveres de cada cidadão do nosso país. Nossas armas somos nós mesmos e nossos ideais, de uma nação soberana e justa para todos. Evangelizem politicamente o nosso povo, criem anticorpos na população para esse jogo sujo da contra informação. Sejamos transparentes e comPTentes! Há muito interesse em jogo, e eles jogam de maneira muito suja.

Companheiros e companheiras, no nosso dia a dia devemos ter em nossos corações o amor sincero à soberania de nossa nação e ao nosso povo e, com a dignidade de um verdadeiro brasileiro, bradar aos quatro cantos deste planeta, declarando a liberdade e a evolução social de nossa nação: “Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, à própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada...”. Mas fazer isso com respeito à nossa nação e nosso povo.

Assino essas linhas como um simples cidadão que ama e respeita a soberania do POVO brasileiro e a sua pátria mãe, nosso amado BRASIL.


sábado, 8 de maio de 2010

O Povo Brasileiro :: Uma Nação à Própria Margem

O Brasil do século XVI e XVII era o maior mercado, e mais rico, do mundo. A riqueza gerada pela exportação de açúcar, comparativamente aos dias de hoje, era igual à gerada pela exportação do petróleo. Somado a isso ainda éramos grandes produtores de ouro, diamantes e demais pedras preciosas. Toda essa prosperidade estava baseada no extrativismo humano, na escravidão que não estava restrita somente aos negros. A opressão exercida sobre o povo, arremetido à miséria e privado de condições sociais básicas era instrumento de manipulação das massas, exercido por uma “elite” dominante. A sociedade produtiva era renegada a guetos. As diferenças sociais eram gritantes apesar da abundância de todas as riquezas.

Nestas terras, ricas em ouro e diamante, muitos escravos conseguiram comprar a liberdade e enriquecer. Assim surgiu uma classe intermediária formada de mulatos e negros libertos, que conseguiram melhorar de vida e se dedicar às atividades de ourives, carpinteiros, ferreiros e artistas. Ouro Preto viu florescer a mais alta expressão da civilização brasileira. Na música, na poesia e na arquitetura o mineiro deixou sua marca. Entre eles um brasileiro, mulato de grande talento, que traduziu na pedra tosca a sofisticação do barroco europeu: Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

A mineração de ouro e diamante alterou profundamente o aspecto rural e desarticulado do país. Até então, os brasileiros viviam isolados uns dos outros devido às grandes distâncias. Mas a rede de intercâmbio comercial que começava a se formar entre as capitanias daria uma bela base econômica à unidade nacional. O sertão nordestino, que vivia da criação de gado, fornecia a carne e o couro. A sede do governo foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, devido à proximidade das Minas. E o Rio Grande do Sul acabou sendo incorporado ao país através do comércio de mulas.

O Brasil Crioulo



“Esse país tomou conta de si pela primeira vez num movimento fantástico... a Inconfidência Mineira...” – Darcy Ribeiro.

Nas escolas não se ensina que o movimento idealizado por uma elite intelectual previa uma nova organização da sociedade. Entre os planos dos inconfidentes estavam a criação de universidades acessíveis a todos, a instalação de indústrias e a libertação dos escravos. A inspiração maior vinha dos ideais da Revolução Francesa e de um novo país da América do Norte, os Estados Unidos. Uma denúncia acabou levando à forca um dos líderes do movimento: o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

“Tiradentes foi esse herói nacional fantástico, um homem sábio, engenheiro que fez o serviço de águas do Rio de Janeiro, que fez o planejamento dos portos do Rio... e que conspirou na Europa, em Portugal e conspirou com os norte-americanos também. Era um intelectual que lia, conhecia a constituição americana e queria fazer uma república. Era respeitado pelos magistrados, pelos coronéis militares, pelos poetas, por aquele grupo atípico de Minas que quis criar uma República Brasileira, criar um Brasil e criar brasileiros, dando dignidade. Mas os portuguesas abafaram isto tão bem que continuou soterrada a idéia de liberdade e de autonomia do Brasil...” – Darcy Ribeiro.

Trinta anos depois da rebelião dos inconfidentes, o Brasil se tornava império autônomo. Mas levaria quase cem anos para extinguir o trabalho escravo em seu território. Durante trezentos anos o país usou cerca de doze milhões de negros como principal força de trabalho em seu processo de formação. Trazidos do Sudão, da Costa do Marfim, da Nigéria, de Angola e de Moçambique, essa gente marcaria com sua cor e com sua força a fisionomia e a cultura brasileiras. E, ao final do período colonial, era uma das maiores populações do mundo moderno.

O Brasil só se tornou verdadeiramente uma nação com a abolição da escravatura, que concedeu aos negros, ao menos no papel, a igualdade civil dos demais membros de seu povo. Emancipados mas sem a terra que cultivaram por quase quatro séculos, os ex-escravos abandonaram as fazendas e logo descobriram que não podiam ficar em nenhum lugar. A terra tinha dono. Saindo de uma fazenda caíam em outra, de onde eram, também, fatalmente expulsos.

“No agreste, depois nas caatingas e por fim nos cerrados desenvolveu-se uma economia pastoril associada a produção açucareira como fornecedora de carne, couros e bois de serviço”. Foi sempre uma economia pobre e independente. As atividades pastoris conformaram não só a vida, mas a figura do homem do gado.

O Brasil Sertanejo


“Nos Estados Unidos as pessoas iam para o Oeste. Elas iam porque sabiam que se construíssem uma casa, fizessem uma roça ganhavam o direito de demarcar uma fazenda de 30 hectares. Aqui isto nunca deu certo porque um pequeno grupo monopolizou a terra, obrigou o povo a sair das fazendas. Eles não dividiam e sim expulsavam. Não é que eles usem a terra. Eles não usam dez por cento da terra que existe, mas expulsaram. E essa gente que foi expulsa vem viver uma vida miserável na cidade.” – Darcy Ribeiro.

Em 1850 as regras de acesso à propriedade rural mudaram. A simples ocupação e cultivo já não bastavam para garantir a posse. O registro obrigatório acaba expulsando da terra os menos favorecidos.

“A história da reforma agrária, no Brasil, é uma história de oportunidades perdidas. Ainda colônia de Portugal, o Brasil não teve os movimentos sociais que, no século 18, democratizaram o acesso à propriedade da terra e mudaram a face da Europa. No século 19, o fantasma que rondou a Europa e contribuiu para acelerar os avanços sociais não cruzou o Oceano Atlântico, para assombrar o Brasil e sua injusta concentração de terras. E, ao contrário dos Estados Unidos que, no período da ocupação dos territórios do nordeste e do centro-oeste, resolveram o problema do acesso à terra, a ocupação brasileira - que ainda está longe de se completar - continuou seguindo o velho modelo do latifúndio, sob o domínio da mesma velha oligarquia rural”. Esse é um assunto de extrema importância para a nação brasileira, pois envolve fatores como desenvolvimento (urbano e social), distribuição de renda, justiça e segurança – não somente a nacional, mas também a do dia a dia dos centros urbanos. A visão atual que temos de reforma agrária está relacionada à imagem vinculada pelas mídias de um movimento de “Sem terra” destruindo propriedades rurais e pés de laranja. Caso haja interesse em aprender mais sobre os detalhes históricos desse assunto, acesse a página: Reforma Agrária - Compromisso de todos, do site oficial de nossa República.

As grandes capitais são o retrato do crescimento desordenado das cidades brasileiras no século XX. Entre 1920 e 1960 a população urbana cresceu dez vezes. Hoje, quase 70% dos brasileiros moram em cidades. As maiores transformações foram sentidas nos centros urbanos, mas elas são reflexos do que ocorreu no campo. Em toda a história brasileira, as mudanças de regime pouco afetaram a ordem social. Durante o período colonial e depois no Império e na República, o poder na zona rural sempre foi baseado no monopólio da terra e na monocultura. Aqui nenhuma terra foi reservada para o povo que continua formando uma nação que, com amor e orgulho, chamamos de Brasil.

São Paulo, cidade fundada em 1554, é hoje o espelho desse nosso Brasil.. Uma megalópole com aproximadamente 20 milhões de habitantes. A sexta maior aglomeração urbana do mundo e a terceira unidade política mais populosa da América do Sul. Olhando com atenção seus bairros e sua gente é possível perceber todas as contradições do país. O Brasil rico, moderno, inicia o século XXI como a oitava economia do planeta, com a previsão de ser a quinta até 2014. Mas também o Brasil que não acompanhou o progresso. O país que ainda luta por melhores condições de vida para nós – o seu povo.

Na próxima postagem iremos abordar O Brasil Caipira e O Brasil Sulino.

Até lá !

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O Povo Brasileiro :: A Consciência de Si

A população brasileira dos primeiros tempos vivia numa economia de subsistência. Não podia contar com as benesses geradas pela exportação de nossas riquezas. O regime de trabalho, voltado para o sustento, e não para o comércio, era quase o mesmo da aldeia tribal. A base da agricultura era indígena, enriquecida pela contribuição dos europeus, que trouxeram os animais domésticos e equipamentos, como o monjolo, que vieram para ficar. Até hoje pouca coisa mudou. "A importância dele (do monjolo) é que a gente, por exemplo, planta, depois colhe, depois leva para lá para ceifar farinha pra gente gastar. A gente cria galinha pra gastar... Dá um pouco pra criação, pro gado, pro porco..." – depoimento do Sr. Vicente, um brasileiro.

O agronegócio, que na época não tinha esse nome, mas era evidente nos latifúndios e na monocultura, desestabiliza o quadro. A necessidade desenfreada de produtividade e lucratividade ocasionava a exploração humana e conflitos sociais. Eram homens e mulheres chamados de mamelucos pelos jesuítas espanhóis, por causa do aspecto rústico e da violência com que capturavam e escravizavam os indígenas, de quem descendiam.

Nesse ponto é necessário fazer um adendo, para documentar a evolução do agronegócio no Brasil dos dias atuais: Brasil já é 2º em transgênicos e deve crescer mais – janeiro/2010.

Vale a pena assistir o documentário que retrata a realidade dos extremos do Capitalismo Associado à Biotecnologia. É necessário atentar e avaliar minuciosamente, o impacto social que esses extremos – tratados de forma vulgar - podem causar em nosso país e em toda a humanidade.

Retornando ao nosso tema, temos no final do século XVII a descoberta de ouro pelas bandeiras, nas terras do interior, que mudou os rumos do Brasil Colônia. Em menos de dez anos, chegaram à região das Minas mais de 30 mil pessoas, vindas de todo o país. Eram paulistas, baianos, senhores de engenho falidos e, principalmente, escravos.

Até meados do século XVIII essa gente falava uma língua aprendida com os índios, o "nheengatu". Um jeito de falar tupi com “boca de português”, inventado pelos padres jesuítas.

Um fato histórico e econômico importante de se ressaltar é que o custo do tráfico de escravos, nos 300 anos de escravidão, foi de 160 milhões de libras-ouro. Isso equivale a 50% do lucro obtido com a venda do açúcar e do ouro.

Assista outro episódio do documentário, para ampliar o conhecimento da formação de nosso povo.

O Povo Brasileiro – Parte III :: A Matriz Afro


“E esses negros não podiam falar um com o outro, veja esse desafio como é tremendo. Eles vinham de povos diferentes de tribos e regiões distintas da África. Então, o único modo de um negro falar com o outro era aprender a língua do capataz, que nunca quis ensinar português. Milagrosamente, genialmente esses negros aprenderam a falar português. Quem difundiu o português foi o negro, que se concentrou na área da costa de produção do açúcar e na área do ouro... Mas preste atenção: com os negros escravos vinham as molecas de 12 anos, bonitinhas. Uma moleca daquelas custava o preço de dois ou três escravos de trabalho. E os donos de escravos queriam muito comprar, e os capatazes também. Compravam uma moleca pra sacanagem. Mas essas molecas pariam filhos, e quem era o filho? Era como o filho da índia. Ele não era africano, visivelmente. Ele não era índio. Quem era ele ? Ele também era um "zé ninguém" procurando saber o que era. Ele só encontraria uma identidade no dia em que se definisse o que é o brasileiro ... ” – Darcy Ribeiro.

Até hoje, de certa forma, somos discriminados pelos portugueses por nosso jeito de falar. Somos uma nação de aproximadamente 200 milhões de brasileiros. Atualmente existe tanta gente falando o “português brasileiro”, no mundo, que o português de Portugal e o espanhol, juntos. Isso é um fator de extrema relevância em um mundo globalizado.

"Nós, brasileiros, somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos viveu por séculos sem consciência de si... Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-nacional, a de brasileiros..." – Darcy Ribeiro.

A nossa miscigenação única nos permite estarmos mais uma vez na vanguarda da civilização. Assistimos países se corroendo como nação, em conflitos internos, devido as suas diversidades étnicas. Temos o essencial, nossa mistura é pacífica - ainda injusta, mas coesa.

É fato notório o mal que faz ao Brasil esta polarização amesquinhada, entre índios, brancos e negros. Isso não existe, somos um povo e constituímos uma nação única. Alguns políticos e demais aproveitadores, que se dizem líderes e representantes de suas raças e classes sociais, buscam a conveniente polarização em uma disputa desenfreada pelo mero mando e privilégios propiciado pelo poder. A força e a soberania se iniciam na união, principalmente naquela que propicia igualdade justa de direitos e deveres para todos, sem distinção. São esses os ideais que devemos diligentemente preservar e eleger.

As riquezas desta mistura e suas dificuldades encontram-se detalhadas em mais um episódio do documentário:

O Povo Brasileiro – Parte IV :: Encontros e Desencontros.


Nas próximas postagens iremos abordar O Brasil Crioulo e O Brasil Sertanejo.

Até lá !

sábado, 24 de abril de 2010

O Povo Brasileiro :: Início do todo

No ano em que iremos eleger os representantes de nossa nação é preciso pensar como povo que somos. Esse é um documento histórico que necessita ser divulgado, refletido, digerido, assimilado e vivido por cada cidadão brasileiro. Não se trata de propaganda política. É um trabalho sério de antropologia que conta um pouco da história da nação brasileira.

O princípio da história, que compartilharemos neste espaço, está expresso no documentário da TV Cultura, de aproximadamente 26 minutos, baseado na obra do Prof. Darcy Ribeiro.

O Povo Brasileiro – Parte I :: A Matriz Tupi



“No Brasil a mestiçagem sempre se fez com muita alegria, e se fez desde o primeiro dia... Eu prometi contar como. Imagine a seguinte situação: uns mil índios colocados na praia e chamando outros: "venham ver, venham ver, tem um trem nunca visto"... E achavam que viam barcas de Deus, aqueles navios enormes com as velas enfurnadas... "O que é aquilo que vem?" Eles olhavam, encantados com aqueles barcos de Deus, do Deus Maíra chegando pelo mar grosso. Quando chegaram mais perto, se horrorizaram. Deus mandou pra cá seus demônios, só pode ser. Que gente! Que coisa feia! Porque nunca tinham visto gente barbada .... os portugueses todos barbados, todos feridentos de escorbuto, fétidos, meses sem banho no mar... Mas os portugueses e outros europeus feiosos assim traziam uma coisa encantadora: traziam faquinhas, facões, machados, espelhos, miçangas, mas sobretudo ferramentas. Para o índio passou a ser indispensável ter uma ferramenta. Se uma tribo tinha uma ferramenta, a tribo do lado fazia uma guerra pra tomá-la.” – Darcy Ribeiro.O descobrimento do Brasil ocorre em um momento impar da história recente da civilização humana. “Na hora dos descobrimentos, Portugal estava na vanguarda dos povos e suas características contrastavam com tudo que se via na Europa. A começar pela sua precocidade, de seu surgimento como nação... a primeira do mundo ... as fronteiras mais antigas da Europa ... berço da primeira civilização mundial (global) ... ”.

Para maiores detalhes, assista o episódio seguinte do documentário.

O Povo Brasileiro – Parte II :: A Matriz Lusa



Ao longo da costa brasileira se defrontaram duas visões de mundo completamente opostas: a “selvageria” e a “civilização”. Concepções diferentes de mundo, da vida, da morte, do amor, se chocaram cruamente. Aos olhos dos europeus os indígenas pareciam belos seres inocentes, que não tinham noção do "pecado". Mas com um grande defeito: eram "vadios", não produziam nada que pudesse ter valor comercial. Serviam apenas para ser vendidos como escravos. Com a descoberta de que as matas estavam cheias de pau-brasil, o interesse mudou... Era preciso mão-de-obra para retirar a madeira. Começa aí a cultura extrativista humana, essa maligna relação capital versus trabalho que se arrasta até os dias de hoje em nosso país. Atualmente esta relação está maquiada pela modernidade, mas continua presente na injusta e inconsequente discrepância social que infelizmente ainda vivemos.

A porta de entrada do branco na cultura indígena foi o "cunhadismo". Através desse costume foi possível a formação do povo brasileiro. E da união das índias com os europeus nasceu uma gente mestiça que efetivamente ocupou o Brasil.

“ No ventre das mulheres indígenas começavam a surgir seres que não eram indígenas, meninas prenhadas pelos homens brancos ... e meninos que sabiam que não eram índios... que não eram europeus. O europeu não aceitava como igual. O que era ? Era uma gente "ninguém ", era uma gente vazia. O que significavam eles do ponto de vista étnico ? Eles seriam a matéria com a qual se faria no futuro os brasileiros ...” – Darcy Ribeiro.

Mas quem somos?
Não somos aquilo que acham ou dizem que somos.
Mas então quem somos?
Nós somos uma nação ... O Povo Brasileiro!

Nas próximas postagens iremos abordar o advento da Matriz Afro e dos Encontros e Desencontros de nossas misturas.

Até lá !

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Projetos Para o Rio Caudaloso

Enquanto escrevo essas linhas chove muito, lá fora.

Acabei de ler a reportagem do Globo online, que anuncia: Prefeito do Rio anuncia 38 projetos de contenção de encostas e drenagem na cidade.

A reportagem menciona os valores dos investimentos que serão patrocinados pelo governo federal.

“R$ 270 milhões seriam para intervenções de macrodrenagem para acabar com as enchentes na Praça da Bandeira.”

“Os outros R$ 100 milhões seriam para as obras ... como contenção de encostas da Serra da Grota Funda, Grajaú-Jacarepaguá e Avenida Niemeyer ... intervenções de drenagem na Tijuca, Brás de Pina e o canal da Rocinha.”

São 73% para a Praça da Bandeira e por conseqüência para o Maracanã (o palco dos espetáculos), que fica ao lado, e 27% para o RESTO.

Isso é incompetência ou sacanagem mesmo?

Um projeto descente, até para mostrar para o mundo o nosso desenvolvimento político e social, deveria levar em conta (no mínimo) as áreas e regiões de maiores riscos, maior densidade demográfica, menor poder aquisitivo, entre outros índices sociais. Já que existe a necessidade premente de ação no desenvolvimento social e urbano.

Ações preventivas possuem um custo bem inferior, principalmente quando se trata de vidas humanas. Não precisamos de representantes que só fazem embelezar favelas e guetos. NÃO queremos morar em favelas e guetos!

Até quando viveremos essa relação opressora, entre estado e sociedade?

Por outro lado, a iniciativa privada também poderia participar, efetuando investimentos na captação e tratamento das águas das chuvas, da parte boa, oriunda de volumes pluviométricos menores. Já que, provavelmente, serão construídos canais de drenagem, caixas mortas e piscinões subterâneos, por que não dar tratamento a essa água e torná-la utilizável, mesmo que não potável.

O retorno do investimento ficaria por conta da administração do sistema de tratamento e distribuição para fins industriais, comerciais e domésticos que não necessitam de água potável. Em casos excepcionais, como o que ocorreu, o sistema serviria de via de drenagem, desde que bem dimensionado para isso.

Às vezes acho que é incompetência. Mas, sinceramente, fico em dúvida.

Ouvi a seguinte frase em uma dessas reportagens: “o difícil não é tirar o pobre da favela, mas tirar a favela do pobre”. Modestamente, eu complemento: principalmente dos pobres de espírito.

Já chega! Estou legal...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Uma Realidade Macabra

O Brasil e o mundo assistem atônitos as tragédias que se abatem sobre o Rio de Janeiro. São os frutos de anos de incompetência, omissão e corrupção deslavada, dos poderes públicos.

A “culpa” não está nas chuvas ou sobre aqueles que moram em áreas de riscos. É necessário atentar para a contínua e covarde manipulação das massas através de campanhas mentirosas, principalmente as eleitorais, que buscam obter votos, a qualquer custo, de um povo oprimido, sofrido e ignorante.

Seria engraçado, se não fosse trágico, as declarações dos “representantes” da sociedade (tanto eleitos, quanto os nomeados). É uma situação surreal.

O fato é que, o mundo científico sabia das condições climáticas que iriam se abater sobre toda a região sudeste (Fotos da Nasa mostram chegada de temporal ao Sudeste do Brasil). Será que as autoridades brasileiras também sabiam? O que falta? Não são recursos, pois a população brasileira trabalha 5 meses por anos somente para pagar impostos. Sobra o salário de 7 meses para sobreviver, dos quais, ainda são descontados aproximadamente 3 meses de juros a serem pagos às dívidas pessoais. O que sobra? Viver a margem da sociedade, em condições sub humanas, morando em áreas de riscos, em guetos ou sobre aterros sanitários.

Enquanto isso, o prefeito do Rio busca assistência técnico-científica gratuita para o município em questões climáticas (Após temporal, Paes renova convênio com médium da Fundação Cacique Cobra Coral). Fala sério !!!

Temos eleições este ano e o povo do Rio deve aprender a votar, ou então, iremos continuar sofrendo com a violência, catástrofes naturais, doenças, etc, etc.

O problema é votar em quem?